Os Dez Melhores Discos de Rock de Cada Década – Década de 1970

Atualizado em: 17/08/2024, as 01:08

Muita gente ficou preocupada sobre os nomes que ocupariam um TOP 10 da década de setenta. Disseram que seria a mais problemática de todas, pelo excesso de clássicos, etc. Que seria praticamente impossível listarmos apenas 10 discos de Rock dessa época. Bem, preciso abertamente contrariar a maioria, pois a mim pelo menos a mais complicada, pelo excesso de qualidade, lamentando ter deixado muita coisa de fora, foi justamente a anterior, da década de sessenta. A dos “seventies” é complicada? Humm, dependendo do ponto de vista, não. Ao menos para mim, não! De fato foi até agora a mais simples de fazer, pois ela já estava praticamente pronta na minha cabeça. Foi só alinhar algumas informações, eliminar alguns títulos e pronto. Sei que muitos também irão estranhar alguns dos títulos em detrimento de outros. Afinal a década é tida como aquela com maior numero de clássicos do Rock. E é ai que está o problema: um “clássico” nem sempre é o melhor, nem sempre é o mais representativo. Colocar os discos mais manjados da década é fácil, mas, quando a gente se pergunta sobre o porquê, a resposta nem sempre é clara e objetiva. Sei que minha lista terá discos que muita gente irá torcer a cara, mas, como sempre deixamos claro a cada uma: é puramente pessoal. E, portanto os motivos que nos levam a colocar um e não outro também são.

1 ― Grand Funk Railroad ― Survival
Lançamento: Abril, 1971
Gravadora: Capitol

1. “Country Road” ― 4:22
2. “All You’ve Got Is Money” ― 5:16
3. “Comfort Me” ― 6:48
4. “Feelin’ Alright” (Dave Mason) ― 4:27
5. “I Want Freedom” ― 6:19
6. “I Can Feel Him In The Morning” (Don Brewer, Farner) ― 7:15
7. “Gimme Shelter” (Mick Jagger, Keith Richards) ― 6:29

“Survival” é o quarto disco da carreira dessa banda americana, formada em 1968, em Flint, Michigan. Na capa, os três integrantes da banda “trajados” de homens das cavernas dá o tom do que encontramos na parte interna, ou seja, na musica: Sobrevivência. A crítica americana descia o pau na banda, e eles precisavam provam que estavam vivos, sobrevivendo apesar dela. Essa minha interpretação pode ser “comprovada pela contracapa do LP, que trazia um texto assinado pelo produtor Terry, falando sobre o nascimento de um bebê durante um show da banda, afirmando que a tal criança teria sido batizada de “Grand Funk Railroad”. Uma metáfora clara, criada pela genialidade criativa de Terry Knight. Nascimento, renascimento, sobrevivência…A versão para “Gimme Shelter” dos Stones, para mim é simplesmente magnífica, definitiva. O produtor, Terry Knight impõe sua marca não indelével no trabalho da banda e, por ser um grande fã de Beatles, impõe nesse disco sua sonoridade característica. Ele obrigou o baterista Don Brewer a gravar com toalhas sobre as peles da bateria, fazendo com que a mesma soasse mais abafada e suave, como a de Ringo Starr. A primeira prensagem do vinil trazia fotos individuais dos integrantes do grupo, idênticas as do Álbum Branco… O CD, lançado em 2004 tem 5 bonus tracks.

2 ― Led Zeppelin – (Led Zeppelin IV)
Lançamento: 08 de Novembro de 1971
Gravadora: Atlantic Records
Produção: Jimmy Page, Robert Plant e Peter Grant

A1 Black Dog 4:55
A2 Rock and Roll 3:40
A3 The Battle of Evermore 5:38
A4 Stairway to Heaven 7:55
B1 Misty Mountain Hop 4:39
B2 Four Sticks 4:49
B3 Going to California 3:36
B4 When the Levee Breaks 7:08

O quarto disco do Led Zeppelin não tem nome, nem identificação nenhuma na capa. Sequer o nome da banda. Acredito que não preciso discorrer sobre os motivos pelos quais esse disco está entre os 10, nos anos 70. Então prefiro contar umas historinhas sobre ele. A primeira edição desse disco no Brasil foi absurdamente deturpada: a capa era simples, tinha o nome da banda impresso, a ficha técnica no verso e um selo amarelo horroroso na frente escrito: “Incluindo Stairway To Heaven”. Sem a arte do eremita no interior ou a letra… E falando em “Stairway…”: essa musica é um plágio integral da musica “Taurus” da banda Spirit, lançada em 1968. Apesar disso, um disco histórico, da capa ao conteúdo, a começar pela abertura, uma das dobradinhas mais sensacionais do Rock:”Black Dog”/“Rock and Roll”.

3 ― Black Sabbath – Black Sabbath
Lançamento: 13/02/1970
Gravadora: Vertigo (Reino Unido), Warner Brothers (EUA), Essential/Castle, Sanctuary

A1 ― Black Sabbath 6:21
A2 ― The Wizard 4:24
A3 ― Behind the Wall of Sleep 3:38
A4 ― N.I.B. 6:06
B1 ― Evil Woman (Don’t Play Your Games With Me) 3:25
B2 ― Sleeping Village 3:46
B3 ― Warning 10:32

Disco de estreia do Black Sabbath lançado em Fevereiro de 1970 no Reino Unido e em 01 de Junho de 1970 nos Estados Unidos. Dependendo da versão, os nomes das músicas aparecem diferentes. A versão européia tem “Evil Woman” como primeira faixa do lado B, enquanto a versão americana tem “Wicked World”. A versão remasterizada de 1996 tem as duas. “Black Sabbath” foi gravado em apenas 8 horas, numa mesa de 24 canais e com um orçamento de apenas $1.200. Um disco revolucionário, misturando blues, jazz, rock’n’roll em um som totalmente inovador e com peso absurdo para os padrões da época, marcando para sempre a história da música. Tony Iommi usava uma afinação mais grave que o usual, pois tinha que tocar com as cordas mais frouxas devido ao problema com seus dedos, advindo desse fato uma marca característica do peso marcante do Black Sabbath. Muitos consideram esse disco como o pioneiro no heavy metal, outros o precursor do gótico (com a musica título), outros consideram o modelo maior de hard rock… E isso acontece porque esse disco é atemporal, de uma qualidade musical impressionante. Enfim, clássico dos clássicos.

4 ― David Bowie – The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars
Lançamento: 06-06-1972
Gravadora: RCA

A1 ― Five Years 4:42
A2 ― Soul Love 3:34
A3 ― Moonage Daydream 4:40
A4 ― Starman 4:10
A5 ― It Ain’t Easy 2:58
B1 ― Lady Stardust 3:22
B2 ― Star 2:47
B3 ― Hang On to Yourself 2:40
B4 ― Ziggy Stardust 3:13
B5 ― Suffragette City ― 3:25
B6 ― Rock ‘n’ Roll Suicide 2:58

“The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars” (conhecido apenas por “Ziggy Stardust”) é o quinto disco do musico, ator, mimico e muitos etceteras. David Bowie. O álbum narra a ascensão e queda de Ziggy Stardust, um alienígena que vem à Terra para anunciar o fim da humanidade em cinco anos e que, encantado com nosso planeta, decide ficar, virando um grande astro do rock, com sua banda ‘Spiders From Mars’. Mas com o passar do tempo, experimenta todos os tipos de exageros característicos dos “rockstars” da época e, arruinado, acaba se matando. Ziggy Stardust fez de Bowie uma estrela da noite para o dia e sua genialidade e carisma, além da aparência andrógina, são atribuídos por muita gente ao fato de que talvez ele seja mesmo um extraterrestre. Um messias moderno? Um extraterrestre? Dr. Frankenstein? Um Gepeto, que constrói brinquedos sofisticados? Um personagem inventado? Quem é David Bowie, afinal? Talvez nem ele mesmo saiba responder. Mas o fato é que esse disco foi o responsável pela existência de uma multidão de artistas influenciados. Seriam todos descendentes de Ziggy?Dentre as Aranhas de Marte, Mick Ronson e o futuro baixista do Uriah Heep Trevor Bolder, que faleceu recentemente.

5 ― Slade ― Alive
Lançamento: 24/03/1972
Gravadora: Polydor (UK/US)

A1 ― “Hear Me Calling” ― 5:46
A2 ― “In Like a Shot from My Gun” ― 3:33
A3 ― “Darling Be Home Soon” ― 5:43
A4 ― “Know Who You Are” ― 3:37
B1 ― “Keep on Rocking” ― 6:29
B2 ― “Get Down and Get With It” ― 5:33
B3 ― “Born to Be Wild” ― 8:12

Muita gente vai estranhar a inclusão desse disco, numa lista de 10 melhores da década, afinal Slade é considerado uma banda pouco técnica, pop demais, fruto do datado e esquisitíssimo Glam Rock, que alcançou várias vezes os topos de paradas de sucesso, o que para muitos é sinal de má qualidade. Além do mais, “Slade Alive” é um disco mal produzido, gravado ao vivo com uma platéia tão pequena que dá quase para se entender as conversas… Enfim, a muitos é uma heresia eu considerar um disco, cheio de berros, arrotos, sons de motocicletas e outras peculiaridades, em detrimento de outros discos “mais importantes”. Mas algumas razões o colocam em minha lista. A primeira delas é que foi o primeiro disco de Rock que escutei e comprei. De fato essa é a maior delas, mas até hoje, milhares de discos escutados depois, ainda me impressiona a energia constante nesse disco. A energia, a crueza, a sujeira, a precariedade, a selvageria…ainda me arranca arrepios e vontade de sair pulando. Que mais esperar de um disco de 1972? As versões de “Darling Be Home Soon” e “Darling Be Home” são arrasadoras. Agora, o que de fato pega: um dos maiores clássicos do Rock “Born To Be Wild”, tocada por quase toda banda que se preze, tem, em minha opinião, uma das versões mais cruas e selvagens da história. Enfim, “Slade Alive” pode não ser o melhor disco da história do Rock, mas decerto é um dos que mais se aproximam do espírito selvagem que nos primórdios criou o rock’n’Roll. E foi meu primeiro disco…

6 ― Lou Reed ― Rock’n’Roll Animal
Lançamento: 02/1974
Gravadora: RCA

A1 ― “Intro/Sweet Jane” (Steve Hunter, Reed) – 7:55
A2 ― “Heroin” – 13:05
B1 ― “White Light/White Heat” – 5:15
B2 ― “Lady Day” – 4:00
B3 ― “Rock ‘n’ Roll” – 10:17

Gravadoras tem estranhos comportamentos, dirão alguns. Gravadoras são hostis, daninhas, formadas apenas por gente que só pensa em dinheiro. Executivos de gravadoras não entendem nada de música e não tem noção de arte. Ah, sim, todas essas alternativas estão corretas, nesse caso. Em 1973, Lou Reed se lançou na “Rock ‘n’ Roll Animal Tour”, que foi sucesso de critica e publico, e onde Lou teve seguramente sua melhor banda de apoio de todos os tempos (o Metallica não conta…rs), com dois fantásticos guitarristas, Dick Wagner e Steve Hunter. Finda a turnê, a gravadora resolve lançar em disco, mas divide em dois álbuns diferentes: “Rock’n’Roll Animal” e “Lou Reed Live”, lançado um ano depois. O resultado: dois dos melhores discos ao vivo da história do Rock. E que poderia ser o melhor disco ao vivo da história não fosse a idéia genial da gravadora em dividi-los. A energia no palco que Lou Reed sempre detonou, os solos de Hunter, a cozinha soando perfeita e precisa, foram captadas de forma soberba. Um daqueles discos que só de ouvir a gente fecha os olhos e se imagina ali, no meio da plateia, erguendo os braços e cantando junto. Um detalhe: quando relançado em CD, em 2001, o disco ganhou duas Faixas: a mais: “How do you think it feels” e “Caroline Says I”.

7 ― Pink Floyd ― The Dark Side Of The Moon
Lançamento: March 1973
Gravadora: Harvest, Capitol

A1 ― “Speak to Me” ― 1:30
A2 ― “Breathe” ― 2:43
A3 ― “On the Run” ― 3:36
A4 ― “Time” / “Breathe” (Reprise) ― 7:01
A5 ― “The Great Gig in the Sky” ― 4:36
B1 ― “Money”― 6:22
B2 ― “Us and Them”― 7:46
B3 ― “Any Colour You Like” ― 3:25
B4 ― “Brain Damage” ― 3:48
B5 ― “Eclipse” ― 2:03

Eu deveria deixar esse disco para o final da lista, pois esse disco está não apenas na lista de os 10 melhores discos da década de 70, como de todas as décadas, não apenas do Rock, mas da música em geral. Sempre afirmo o seguinte: a história da música moderna pode ser dividida em duas partes: uma antes de “Dark Side…”, outra depois. Exagero? Não creio, pois essa opinião não é apenas minha, mas que é compartilhada com mais alguns milhões de pessoas no mundo. Falar cobre esse disco, sobre as circunstâncias sobre como feito, o que há por trás ou pela frente, a mística toda a respeito dele é completamente desnecessário, pois já foi dito, escrito, falado por centenas de pessoas. Há cerca de um ano, desafiado a um outro projeto, chamado “Um Disco, Uma Ilha”, onde eu tinha que escolher apena um disco para levar a uma ilha deserta, me obrigou a fazer uma lista imensa e ir eliminando discos. Tracei conceitos e fatores de eliminação, e no final o escolhido foi “Dark Side..” com uma soma de critérios: um disco que escuto há quarenta anos e ainda o faço com prazer e descoberta; um disco que escuto em qualquer hora e sob qualquer emoção; um disco que escuto em qualquer equipamento, em qualquer circunstância… Enfim, um casamento de quase quarenta anos mas que ainda desperta desejo, prazer, ternura, descoberta… Tesão…

8 ― Patti Smith – Horses
Lançamento: Novembro de 1975
Gravadora: Arista Records

A1 ― “Gloria”
Part I ― “In Excelsis Deo”
Part II ― “Gloria” – 5:57
A2 ― “Redondo Beach” – 3:26
A3 ― “Birdland” – 9:15
A4 ― “Free Money” – 3:52
B1 ― “Kimberly” – 4:27
B2 ― “Break It Up” – 4:04
B3 ― “Land” ― ― 9:25
Part I: “Horses”
Part II: “Land of a Thousand Dances”
Part III: “La Mer(de)”
B4 ― “Elegie” – 2:57

“Horses” é o primeiro disco de Patricia Lee Smith. A “Poetisa do Punk”, como gostam alguns. Mas quem realmente foi e é Patti Smith? A precursora do movimento Punk norte-americano? A feminista? A intelectual? Aquela que namorou a bicha do Robert Mapplethorpe, que morreu de AIDS em 1989, e que posava para ele em fotos altamente “indecentes”? A filha de um ateu com uma Testemunha de Jeová? A garota largou os estudos aos dezesseis anos para trabalhar numa fábrica? Que teve um filho e entregou para adoção? A que ainda jovem foi a Paris fazer exibições de rua e performances artísticas? A mulher que teve inúmeros amantes famosos, como Jim Carroll e Tom Verlaine? A artista versátil que pintou, escreveu e fez recitais ― frequentemente junto ao St. Mark’s Poetry Project? Que atuou em Teatro, que sobreviveu escrevendo artigos sobre rock em revistas? Ou seria a que compôs canções junto com Allen Lanier do Blue Öyster Cult, incluindo “Career of Evil”, entre outras? Ou seria ainda a artista irrequieta e revolucionária que gravou seu primeiro compacto em 1974, do qual constavam de um lado “Piss Factory” que falava sobre sua angustia como funcionaria de uma fábrica mesclando “Iluminações” do poeta francês Rimbaud, e do outro uma versão de “Hey Joe” subvertida com um trecho falado sobre a herdeira fugitiva Patty Hearst, herdeira de um império jornalístico? Ou ainda uma mulher que adora seus animais? Quem é Patti Smith? Ah, Patti Smith é tudo isso ai… e muito mais.. Patti Smith é tudo… E, sendo tudo, seu disco de estréia precisa estar entre os melhores da década, do século, do milênio… Alguma dúvida?

9 ― Uriah Heep ― The Magician’s Birthday
Lançamento: 11/1972
Gravadora: Bronze (UK), Mercury (USA)

A1 ― “Sunrise” ― 4:04
A2 ― “Spider Woman”― 2:25
A3 ― “Blind Eye” ― 3:33
A4 ― “Echoes In The Dark” ― 4:48
A5 ― “Rain” ― 3:59
B1 ― “Sweet Lorraine” ― 4:13
B2 ― “Tales” ― 4:09
B3 ― “The Magician’s Birthday” -10:21

Dentro de um espaço de cerca de dois anos, o Uriah Heep lançou quatro dos melhores discos da década: “Demons and Wizards” (1972) “Sweet Freedom” (1973) e “Uriah Heep Live” (1973), além deste “Magician’s Birthday”, 1972. Então fica realmente difícil escolher qual dessas pérolas entra em minha lista. Por razões pessoais, a escolha recairia sobre “Live”, por ser o segundo disco que comprei, mas como usei esse critério para o “Slade”, iria parecer egoísmo demais. No mais os outros dois discos são obras primas do Rock, mas como tenho por critério também não colocar mais de um disco de uma banda na lista, foi obrigado a escolher um. E a escolha ficou com “Magician’s”. Em 1972, Ken Hensley tinha escrito um conto com esse nome e foi ele a inspiração principal desse disco, que tem as baladas mais belas e poéticas da história do Rock. Grande parte delas são belos poemas musicados, como por exemplo, “Tales”, “Echoes In The Dark” e “Rain”. Uriah Heep é uma banda que sabe como poucas fazer baladas que não soam como chatas, melosas e pegajosas e em mais de quarenta anos de estrada e dezenas de formações diferentes consegue manter a qualidade e a unidade. Na lista, entra “Magician’s Birthday”, mas qualquer outro desses discos, como da maior parte dos discos gravados pelo UH na década merece estar presente.

10 ― Jethro Tull ― Thick As a Brick
Lançamento: 3/3/1972
Gravadora: Reino Unido: Island Records / Estados Unidos: Reprise Records

A ― “Thick as a Brick” (Part I) – 22:45
B ― “Thick as a Brick” (Part II)) – 21:05

“Aqualung” é considerado um dos melhores discos do Rock e o melhor do Jethro Tull. Entretanto, sem nenhum demérito, vejo nele apenas um disco comum. Com letras instigantes, sim. Com uma rica construção musical, sim. Com temas fortes como a religião, fazendo dele um disco instigante e intrigante, sim. Mas é um disco que, em comparação com o seu sucessor, este “Thick as a Brick” é simplesmente um disco com belas e bem arranjadas canções. Isso porque “Thick…” é um disco com uma história contada musicalmente de uma forma inusitada para a época, instigante, revolucionário e… Divertido. Uma espécie de quebra-cabeças musical, onde várias peças aparentemente disformes e sem sentido se encaixam perfeitamente. Sim, um quebra-cabeça, que bem poderia ter sido o brinquedo favorito de um garoto gênio “Gerald Bostock”, ou “Little Milton”, que “assina” a co-autoria com Ian Anderson no disco. Um épico escrito por um precoce garoto inglês que fala sobre os desafios de envelhecer. Ainda hoje muitos acreditam que na verdade Gerald Bostock era uma pessoa real, e que o garoto fictício tenha sido o verdadeiro compositor das músicas. A capa original do LP era um falso jornal, uma paródia aos tablóides locais, trazendo notícias, contos, propagandas, etc. Anos depois, o Jethro Tull lançou “Too Old To Rock na Roll, Too Young To Die”… E mais recentemente, em 2012, Ian lançou um disco onde tentava responder o “que aconteceu a Gerald Bostock”. E a resposta foi clara: estava velho demais para o Rock and Roll… Mas “Thick As a Brick” , por estar a frente de qualquer tempo, jamais envelhecerá.

Comentário Final:

A década de setenta foi a do Progressivo, do surgimento do Punk e da Discotheque. A profusão de discos lançados (muitas bandas lançavam dois discos por ano) realmente fez dessa, a década mais produtiva do Rock. Se a dos 50 foi a do nascimento, com o Rock ainda um bebê e na dos 60 uma criança correndo livre e solta, com uma ânsia de aprendizado e criatividade, a de 70 é a adolescência, onde tudo se questiona, onde tudo precisa ser colocado para fora. Uma espécie de preparação à fase adulta… E adultos são chatos na maioria das vezes… E que venham os anos 80.

19/11/2013

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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2 Comentários
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Genecy de Souza
Genecy de Souza
26/02/2024 18:13

Posso dizer que a classificação é perfeita, embora seja difícil listar apenas dez álbuns. Se fossem 100, ainda assim seria uma tarefa difícil, afinal, estamos falando dos anos 70. Dou destaque especial para The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd: A B S O L U T O!

BarataVerso
Responder a  Genecy de Souza
26/02/2024 18:39

QUando montei essas listas, há dez anos, tinha alguns conceitos sobre o que considerava bom ou ruim. Hoje muitos desses conceitos mudaram, e alguns discos já não estariam ali. Outros, assim que terminou a “saga” me lembrei e até hoje me culpo, por ter sido injusto. É o caso de “Loud’n’Proud, do Nazareth, que o foi o primeiro disco de “pauleira” que escutei (aliás, nem foi um disco, foi uma fita casssete).

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