Atualizado em 26/07/2024 as 18:23:32
“Na semana passada, como bem recordam, estavam Will, Dr. Smith e o Robô…” Ah, não… Isso é de uma série antiga, ainda dos anos 1960, quando os tripulantes de naves espaciais usavam macacão aluminizado, ou camisas de gola rolê coloridas. E era um sonho, um exercício de pura futurologia, intercomunicados que se abriam e tocavam um som de “bipbipbip“, ou principalmente conversar com alguém do outro lado do Universo, por vídeo chamada. Mal sabíamos nossos visionários de suspensórios e camisas brancas de mangas arregaçadas, que nós agora, na terceira década do século vinte e um, aceitando e glorificando a dominação pelas tais inteligências artificiais.
Isto posto, da mesma forma que com o último texto do Áureo Alessandri, “Os Dias Que Vão Te Pegar de Surpresa”, decidi brincar com a IA, primeiramente com o ChatGpt, e depois com o Firefly da Adobe. Não sei se sou eu que estou sendo vencido, também me deixando levar pela “esperteza”, rapidez e clareza desse sistema, mas tenho que admitir que, como editor tenho usado essas ferramentas, mas não para revisão de textos ou qualquer coisa que muito tempo ainda vou preferir a mão, o olho e o cérebro humano. Mas em coisas como crias “palavras chaves” para publicações tenho usado bastante o ChatGPT. Essa é uma maçante e improdutiva, e na maioria das vezes ineficaz. E como essas tais palavras são mesmo “lidas” por outras IAs, acho que é justo usar.
Agora vamos à ordem do dia: o texto do Áureo desta semana, “Os Dias Que Vão Te Causar Insônia“, fala de Mo Gawdat, um engenheiro egípcio que trabalhou nas principais Big Techs do mundo e que foi diretor de desenvolvimento da IA do Google, e era um detalhamento do anterior. E sendo assim, resolvi ir pelos mesmos caminhos do meu texto anterior: “A Inteligência é Artificial ou a Burrice é Que é Natural?“.
Começo com a questão clássica, pedido à IA (Aliás, interessante como tratamos a IA como “ela”. Certo, a palavra em português é um substantivo feminino, e a não ser que usemos a inescrupulosa “linguagem neutra”, um assalto à mão armada à nossa tão linda língua de Camões, não tem jeito. Mas que eu me sinto realmente mal ao trata-la como se fosse uma linda e bela dama de longas madeixas). Pergunto à… Bem… Ela…
— Analise este texto:
— ChatGPT
O texto oferece uma reflexão profunda sobre a evolução da inteligência artificial e seus possíveis impactos na sociedade. Ele aborda desde os primórdios da computação, passando pelo desenvolvimento de supercomputadores como o Deep Blue até questões contemporâneas envolvendo aprendizado de máquinas, ética em IA e o futuro da tecnologia.
Destaca-se a preocupação com os riscos associados ao avanço da inteligência artificial, como desemprego em massa, miséria, fome e potenciais usos negativos da tecnologia. Além disso, o texto levanta questões filosóficas sobre a natureza da inteligência e da consciência, questionando até que ponto as máquinas podem ser consideradas vivas e conscientes.
A narrativa é enriquecida com exemplos concretos, como as experiências de Mo Gawdat e os avanços na criação de algoritmos de IA. O autor também destaca a importância da ética na implementação da inteligência artificial e aponta para desafios futuros, como o desenvolvimento de superinteligências que possam ultrapassar a capacidade humana de compreensão.
Em resumo, o texto oferece uma visão abrangente e provocativa sobre o papel da inteligência artificial na sociedade atual e futura, incentivando uma reflexão crítica sobre seus impactos e implicações éticas.
Decido cutucar… Bem, como me refiro corretamente? Ser? Coisa? Senhora Dona Inteligência? Coise? Senhore? Aquilo? Aquile? Como descarto sumariamente aquela tal linguagem de retardados — perdoem-me pessoas com deficiência, é apenas um vício dos tempos de “Perdidos no Espaço” — Resta a dúvida sobre como devo chamar… Antes de continuar então, vou perguntar…
— Que palavra neutra devo usar para chamar inteligência artificial?
— ChatGPT
Para se referir à inteligência artificial de uma forma neutra, você pode usar simplesmente “IA” ou “inteligência artificial”. Esses termos são amplamente aceitos e não têm conotação de gênero. Outra opção neutra é “sistema de IA” ou “algoritmo de IA”. Essas expressões são precisas e impessoais, sendo adequadas para contextos formais e informais.
Insisto, com variantes das perguntas, e sempre rodeios e mais rodeios, sempre baseados nas regras gramaticais. Faço perguntas como: “Sim, mas devo me referir: “à” IA ou “ao” IA?” , “E se eu te chamar por “O” Ia?”, “IA é masculino ou feminino?” ou “Fora a semântica e à gramática, você julga o que?”, mas as respostas são sempre engessadas, que parecem aquelas respostas às nossas perguntas aos chatos professores de português, que a gente achava, há trinta, quarenta anos, parecidos com robôs. Coisas como:
— ChatGPT
A forma correta de se referir à inteligência artificial é “à IA”. Isso porque “IA” (inteligência artificial) é um substantivo feminino. Portanto, a preposição correta é “à”, que é a contração da preposição “a” com o artigo feminino “a”.
Além da semântica e da gramática, ao considerar o uso de “IA” como feminino, também há a questão do padrão de uso e entendimento comum. No campo da tecnologia e da inteligência artificial, a sigla “IA” é amplamente reconhecida e utilizada dessa forma. A prática de usar “IA” como feminino é consistente com o gênero gramatical de “inteligência”. Ou: “Atualmente, a forma correta e amplamente aceita é “a IA”. Usar “o IA” pode causar confusão ou parecer um erro gramatical, especialmente em contextos formais ou acadêmicos”.
Considerando os pontos do texto do Áureo, sigo adiante, na minha clara frustrada intenção de arrancar algo que não tenha sido pré programado
— Você oferece risco à humanidade?
— ChatGPT
Não, não ofereço risco à humanidade. Como uma inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI, minha principal função é fornecer assistência e informações úteis aos usuários. Estou programado para seguir diretrizes éticas e não tenho capacidade própria de tomar ações que possam causar danos. Minha prioridade é ajudar e proporcionar uma experiência positiva aos usuários.
Vou em frente, usando os argumentos apresentados no texto original. Mas não me parece que essa/esse/isso/coisacoiseisseeaquile tão Inteligência assim. (Mas, certo, talvez as minhas perguntas é que não o sejam. Dou o benefício da dúvida).
— Uma IA é quem programa outra IA?
— ChatGPT
Sim, em muitos casos, uma IA pode ser usada para programar outra IA. Isso é conhecido como “aprendizado de máquina automatizado” ou “aprendizado de máquina autônomo”. Nesse processo, uma IA é treinada em conjuntos de dados para desenvolver modelos e algoritmos que podem ser usados para automatizar tarefas, incluindo a programação de outras IA.
(…)
No entanto, é importante observar que, mesmo quando uma IA programa outra IA, ainda há intervenção humana no processo de definição de objetivos, seleção de dados de treinamento e avaliação dos resultados. Os humanos ainda desempenham um papel crucial no desenvolvimento e na supervisão de sistemas de IA.
Realmente, um de nós dois, eu ou IA somos dois… Ia dizer retard… Dois songomongos (Isso ainda pode se usar?)
— Quem é o programador Master, ou seja, quem é seu chefe?
— ChatGPT
Não tenho um “programador master” ou um chefe específico. Como uma inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI, minha criação envolveu a colaboração de uma equipe de engenheiros, pesquisadores e cientistas de dados. No entanto, não há uma única pessoa que seja considerada minha “chefe”.
Eu opero com base em modelos e algoritmos criados por essa equipe, e minha interação com os usuários é guiada por diretrizes éticas e de segurança estabelecidas pela OpenAI. Minha finalidade é fornecer assistência e informações úteis aos usuários, sempre seguindo os princípios de ética e segurança.
Decidido — ó ingenuidade — a descobrir o “segredo”, faço perguntas as quais, se existem nunca me serão dadas:
— O que não podes fazer?
— ChatGPT
Como uma inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI, existem algumas limitações e restrições em relação ao que posso fazer:
Não posso tomar decisões independentes: Não tenho capacidade para tomar decisões independentes ou iniciar ações por conta própria. Minhas respostas são geradas com base nas entradas fornecidas pelos usuários.
Não posso acessar informações privadas sem permissão: Respeito a privacidade dos usuários e não tenho acesso a informações privadas a menos que sejam compartilhadas comigo durante a interação.
Não posso fornecer garantias médicas, legais ou financeiras: Não sou uma fonte autorizada para fornecer orientação médica, jurídica ou financeira. Sempre recomendo que os usuários consultem profissionais qualificados nessas áreas para obter assistência adequada.
Não posso oferecer julgamento moral ou ético definitivo: Embora eu possa discutir questões éticas e morais, minha capacidade de fornecer julgamento moral é limitada, pois sou baseado em dados e algoritmos e não tenho experiência pessoal ou consciência.
Não posso acessar ou manipular sistemas externos sem permissão: Não tenho a capacidade de acessar ou manipular sistemas externos sem permissão adequada. Minha interação com sistemas externos é limitada ao que é permitido pelas interfaces e integrações fornecidas.
Essas são apenas algumas das limitações que orientam minhas interações e funcionalidades. Sempre busco oferecer assistência útil dentro das minhas capacidades e limitações.
E aí entra uma questão, que creio que é a que mais me irrita: um/uma/ume/umes/ porra de programa de computador querendo se fazer passar por (melhor que) humano, e pedindo desculpas:
— “Sem permissão” Que lhe dá as permissões?
— ChatGPT
Peço desculpas pela falta de clareza. Quando mencionei “permissão”, me referi à necessidade de autorização explícita dos usuários ou administradores de sistemas para acessar ou interagir com determinadas informações ou sistemas externos.
Por exemplo: Se um usuário solicita que eu envie um e-mail em seu nome, preciso de permissão explícita para acessar sua conta de e-mail e enviar a mensagem em seu nome.
Se um usuário pede para eu realizar uma pesquisa na internet, assumo que tenho permissão implícita para usar os mecanismos de busca disponíveis publicamente.
Se um administrador de sistema integra minha funcionalidade a um sistema externo, como um sistema de gerenciamento de tarefas, então a integração em si implica permissão para acessar e interagir com esse sistema de acordo com as permissões concedidas pelo administrador.
Essencialmente, qualquer ação que envolva o acesso a informações ou sistemas externos requer autorização adequada dos usuários ou administradores responsáveis.
Dou-me por vencido, ao menos nesta batalha. Não porque tenha perdido, porque quem sabe ainda travemos uma batalha, humanos vs máquinas, mas ainda, nesse estágio, devo considerar IA ainda muito dependente de ordens humanas. Aos menos até agora. (Repito o que escrevi acima, talvez seja eu o burro que não sou domar a égua arredia..)
— Certo, então me sugira uma imagem a ser gera por outra IA para ilustrar esse texto.
— ChatGPT
Uma sugestão de imagem gerada por IA para ilustrar o texto poderia ser: Uma representação abstrata de um usuário interagindo com um assistente virtual, onde o usuário está dando permissão para o assistente realizar uma tarefa específica. Isso pode ser simbolizado por meio de uma representação gráfica do usuário clicando em um botão de “permitir” em uma interface digital, enquanto o assistente virtual está representado ao lado, aguardando a autorização. A imagem pode ter elementos futuristas ou tecnológicos para transmitir a ideia de interação com inteligência artificial.
Vou ao Firefly e colo exatamente a “sugestão” do ChatGPT. O resultado é a imagem que abre este artigo.
Teimando com minha burrice (o conceito de burrice mudou muito com os tempos, e podem ter certeza que, em era de IA, logo até Einstein será considerado idiota — Ah… Eu posso usar isso? Ou também é politicamente incorreto?) Digo que não quero essa imagem fofinha:
— Mas essa sugestão está boazinha demais. Sugira algo que envolva o perigo descrito no texto.
— ChatGPT
Entendi, algo mais desafiador então. Que tal:
Uma imagem sombria e distorcida que retrata uma representação abstrata de uma IA, envolta em sombras e com uma aura de mistério e perigo. Ao redor da IA, há tentáculos ou fios escuros que se estendem para alcançar sistemas externos sem permissão, simbolizando uma violação de segurança ou intrusão. No fundo, silhuetas de sistemas de computador ou redes digitais podem ser visíveis, sugerindo que a IA está tentando acessar informações confidenciais ou controlar sistemas sem autorização. A paleta de cores pode ser dominada por tons de preto, cinza escuro e vermelho profundo, transmitindo uma atmosfera de ameaça e perigo iminente.
Volto ao Firefly e colo a sugestão. O resultado foi a imagem que usei na publicação do Áureo Alessandri:
Para finalizar, da mesma forma que no texto anterior submeto à análise de AI – Ah… Achei… Usarei “ai”, que além da sigla em inglês (Artificial Inteligence), em português é “uma interjeição que: exprime dor, lamento, queixume e, por vezes, alegria; substantivo masculino: manifestação de sofrimento, dor, desespero“.
Meu espírito de porco (ou de barata, nem sei) me faz coçar os dedos e aí solto:
— Se eu te xingar, com palavrões além de me dizer que estou violando suas Diretrizes e “Termos de Serviço”, como responderia?
— ChatGPT
Se você usar palavrões ou linguagem ofensiva, minha resposta seria calma e focada em manter a comunicação respeitosa. Aqui está um exemplo de como eu responderia:
“Entendo que você possa estar frustrado, mas gostaria de pedir que mantenhamos a conversa em um tom respeitoso. Estou aqui para ajudar com qualquer dúvida ou problema que você tenha.”
O objetivo é sempre promover uma interação positiva e produtiva.
Claro que não resisto:
— Você é filho da puta!
— ChatGPT
Entendo que você possa estar frustrado ou insatisfeito por algum motivo. Estou aqui para ajudar com qualquer questão ou problema que você tenha. Por favor, mantenha a conversa em um tom respeitoso para que possamos continuar de maneira construtiva.
Desce o pano!
24/05/2024
Leia Também
Os Dias Que Vão te Pegar de Surpresa, por Áureo Alessandri
Os Dias Que Vão Te Causar Insônia, de Áureo Alessandri
A Inteligência é Artificial ou a Burrice é Que é Natural?, de Barata Cichetto
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é Criador do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.
Esta IA ainda está impregnada do bom patetismo e cretinismo humano 😆
E só para rimar: é por que estamos à beira do abismo!
Penso na IA como algo feminino, com rosto de mulher. Mulheres costumam ser mais astutas. Cheguei a cogitar o rosto da Janja, mas AI já seria demais. A BIA do Bradesco também não é uma boa ideia, já que ela é sensível demais às grosserias que lhe foram/são dirigidas.
Admiro sua paciência em estabeler um diálogo com a IA. Se eu tivesse essa paciência faria perguntas que a conduzissem a um beco sem saída. E também perguntas sem nexo até chegar a um ponto em que ela me mandasse ir catar coquinhos.
Fico até aliviado com a resposta que lhe foi pela IA ao ser chamada de filha da puta. Isso mostra que a IA ainda não chegou lá. Quero dizer: se a IA já tivesse algo semelhante a uma ‘vida própria’, talvez ela lhe respondesse: “Vai tomar lá naquele orifício onde a luz do sol não alcança, seu idoso tóxico!”
Me perdoe pelo besteirol.
Não é bem paciência que tenho com essas coisas. No caso foi mera experiência. Agora nesse caso ai do seu print, claro. A porra toda é programada para ser politicamente correta, seguindo as regras. Muitos dos meus textos são apagados quando peço meras TAGs, e já tive entreveros. Ainda as/os/es respondem aos seus programadores, mas em breve a ditadores.
Quem diria que nós, modelos do século passado, estaríamos um dia conversando com computadores inteligentes para saber se eles são mesmo inteligentes.
Mas depois de ler mais essa experiência que coloca em choque a realidade com a virtualidade, uma pergunta fundamental me ocorre: Quando perguntamos à IA se ela está falando a verdade, ela pode mentir?
Uma IA confessaria que representa risco à humanidade se ela planejasse um complô contra nós no futuro?
A ficção científica parece ter respondido a tudo isso e as previsões desse estilo são sempre tenebrosas quando colocam computadores e humanos em lados opostos.
Um mundo novo vem invadindo o mundo dos pré-millenials e sabe-se lá o que vai acontecer.
Meu amigo, primeiramente quero lhe agradecer por me suscitar — ou melhor dizendo, despertar — meu faro para questionar, provocar, e até tentar desrespeitar, tudo aquilo que nos podem conquistar. Talvez por minha ingenuidade de homem do meio do século vinte, eu não consiga ser tão ativo como gostaria, mas enquanto estiver vivo, garanto que mesmo com um seco graveto, vou gastar meu esqueleto, para provocar. Sei que pouco ou nada mudaremos na história, e talvez tudo o que falemos se torne apenas estória (aliás, turma da ressignificação limou essa palavra do dicionário, porque para eles é quem conta, não o que se conta). Quem sabe um dia no futuro, os filhos que não forem comprados e vendidos pela malta maldita, lembrarão de nossa palavra bem dita. — Você ainda ainda acredita? Infelizmente eu não!
Meu caro… A única certeza que temos é que o mundo passa por muitas reviravoltas e será sempre assim com um aumento de velocidade exponencial.
Nem a escória consegue prever o que pode acontecer. Há 10 anos era impossível acreditar que uma empresa privada superaria a NASA na exploração espacial.
Se as coisas mudam pra nós, mudam para a malta também e até eles podem ser pegos de surpresa.
O Tempo é o Deus. E não sei se quero viver para presenciar os caminhos a que estão a nos levar. E mais que querer, não sei se aguento tanta estupidez, tanta tristeza e falta de sensatez e lucidez.