Uma Giganta

Passa um pouco da meia-noite quando toca a campainha da porta
Corro a atender e à minha surpresa, é uma mulher um tanto torta
Tem cabelos despenteados, uma bolsa surrada caindo de seu braço
E eu ali sem saber por que não a chuto ou então lhe dou um abraço.

O rosto de algo que poetas românticos chamariam de belo exótico
Tem uma feiura que nem aos bêbados e aos soldados seria erótico
Um batom carmim dos lábios rachados e secos escorre rosto afora
E ela sorri, dentes amarelos de nicotina, enquanto o cigarro bafora.

A roupa, sim a roupa, acaso alguém possa chamar aqueles trapos
Parecia ter sido criada como um uniforme da Guerra dos Farrapos
A alça plástica do sutiã encardida feito unha de gente do interior
Ou aquela cueca que abandonei no banheiro desde o dia anterior.

Olho a ela tentando entender porque o Criador lhe foi tão mesquinho
Porque entre tantas rosas em meu jardim aparece apenas o espinho
Mas, pensando e pensando, enquanto ela adentra á minha saleta
E rápido igual a quem rouba, ergue a saia exibindo a sua buceta.

E, meus senhores e, perdoem minhas senhoras, era linda aquela vagina
Jamais em tempo algum tinha apreciado tão formosa genitália feminina
Em nenhuma era de meu tempo, pudera enxergar tão magníficos cabelos
Que não pude e não quis resistir àquela beleza e sucumbi a seus apelos.

Minha língua foi então explorando aquelas grutas e cavernas rochosas
E descobri o quanto à urina e a sujeira podem ser maravilhas deliciosas
Beber do que nunca bebemos nos deixa embriagados mais rapidamente
Portanto queria estar sóbrio e poder beber daquilo de forma consciente.

Ergui minha cabeça e deparei com duas montanhas de cumes de mamilos
Muito escuros e duros, mas um a um tinham juntos uma centena de quilos
Minha boca escalou aquelas montanhas ásperas que pareciam de areia
E minha língua reconheceu um prazer maior que o sabor do mel com aveia.

Tenho mãos grandes, mas nem juntas eu conseguia abarcar aquela bunda
E como eu queria porque tinha nádegas fantásticas aquela doce vagabunda
Com esforço e depois de muito penar, encontrei o buraco e enfiei os dedos
Todos que tenho e sem reclamar ela falou que ainda tinha outros segredos.

Ela gemia em berros e urros ensurdecedores cheios de tesão e de mau hálito
Mas da ocasião nasce o ladrão e tanto o prazer quanto a dor fazem o hábito
E enfiar minha língua em sua boca era um sentido escondendo o outro agora
Sendo que eu sabia o quanto eram podres e sujos os dentes daquela senhora.

Tinha sua língua um gosto estranho de arruda com pinga de botequim barato
Mesmo com tal sabor eu a chupei e ela a minha, pois assim é do beijo o pacto
Quase não podia respirar porque os braços enormes da giganta desconhecida
Apertavam minhas costas parecendo querer esmagar cada vértebra conhecida.

Com enorme empurrão, minha amante empurrou meu corpo contra o colchão
Enterrando sua buceta em meu pinto, quase empurrando a cama até o chão
Subia e descia com tanto desejo quanto o que eu tinha de ainda poder respirar
Mas algo era maior e esperei apenas que ao acabar eu ainda pudesse suspirar.

Finalmente minha amante giganta estremeceu e berrou feito animal enjaulado
Sua buceta esmagou meu pau e eu ejaculei, mas não tinha apenas ejaculado
E sem uma sílaba falar, a giganta colocou as roupas e com o dia desapareceu
Deixando uma saudade e uma sensação que nunca ninguém jamais conheceu.

30/11/2006

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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