Atualizado em: 23/04/2025, as 08:04
Comam dos poemas que lhes entrego em belos pratos suculentos
Minha poesia não é comida mas a tenham feito lautos alimentos
Deixe o resto da comida aos porcos pois a conta ninguém lhe cobra
O que lhe farta a outro falta e minha janta do seu almoço é a sobra.
Apanhem cutelos, bocas e outros alimentares instrumentos
E retalhem a melhor parte da minha poesia de tormentos.
Comam da minha poesia num nefasto banquete trágico
Alimento podre consagrado em um altar antropofágico.
Minha cabeça em uma bandeja e uma porção em seus lábios
Comam agora minha poesia indigesta e brindem aos sábios
Entrem no restaurante e comam poesia temperada com solidão
Transformada em carniça, a poesia é dos vermes da podridão.
Ao mendigo um poema entrego e comida seus olhos imploram
O feijão, o pão e o circo são as marcas daqueles que lhe adoram
Ah a poesia, ela é feita com dentes, soluços e abraços
Ela morde meu pescoço e depois cai nos meus braços.
Toda comida que comemos é apenas matéria morta
Apodrecendo o sangue e entupindo a artéria aorta.
Porque é da morte alheia que nós nos alimentamos
E na nossa própria morte em nós nos manietamos.
Não vomitem em meu tapete, não cuspam em meu prato
Estamos mesmo todos mortos, então façamos um trato
Tratem a mim com a indiferença das espécies silenciosas
Eu não lhes mordo e nem cuspo em suas vestes graciosas.
10/10/2011
Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor
(Antologia Poética, de 1978 a 2025)
Barata Cichetto
Gênero: Poesia
Ano: 2025
Edição: 4ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 876
Impressão: Papel Pólen 80g
Capa: Dura
Tamanho: 16 × 23 × 5,2 cm
Peso: 1,50
Brindes Incluídos:
2 Marca-páginas da Poetura Editorial;
1 Marca-página BarataVerso em couro, feito pela Cerne, de Rancharia, SP;
2 Adesivos do BarataVerso;
2 Adesivos da Poetura Editorial.
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.