Avanço & Retrocesso – 10

Neste terreno onde às vezes me refugio, da loucura entre Avanço & Retrocesso, é um espaço, um sítio onde somente eu passo, pra enxergar realmente quem sou, e não apenas aquilo que faço. Lá eu trago à tona o mais profundo, unificando corpo, espírito e mente, o lado raso, o lado fundo, sem muro parede à toa, as partes de minha pessoa, por onde se esconde meu mundo… Eis-me ilimitado e primitivo, eu deus e eu livre na floresta, de onde fui, bruscamente, arrancado, pra servir os caprichos da festa… Eu deus, busca só admiração, o orgulho devorou-me a consciência, o outro eu, busca um lugar sem pressão, no nostálgico horizonte da essência… É nesta história que entro, com refinamento, vaidade e abuso, mas agora quero ver-me por dentro, separado do que faço uso. Do meu interior, olho pra dentro, distante do comum, do convencional, quero o pouco de mim que resta hoje, nesta mescla de monstro e animal. Ah, emergir! Oh, chave da imaginação! Mística relação do meu eu comigo, Sem antítese, sem contradição neste elevar-me na imensidão, do meu interior, meu abrigo. Um Universo só de emoção, sem chão, sem frente, sem fundo, sem a maldita palavra civilizada, um país onde a convenção é um doce olhar dizendo tudo, e não existem os senhores do mundo, que falam e não dizem nada. Um refúgio de encanto e magia, lugar aonde não se chega a esmo, cujas ondas, de pura magia, quebram-se nas praias de mim mesmo. Ah, Interioridade! Parte amiga, tão livre de orgulho e vaidade! Mística ponte que me liga, ao estado que se ganha com idade. Um sentir que se expande de verdade, não, não é o amor próprio, individualista, como o dominar e a conquista, é o amor em si, a universalidade, sem palavras vãs, sonhos sagrados, um não sei o que o verso sela, pedaços do meu eu tão mutilados, unidos nesta imensa passarela, mas lembro- me de você, de tempo em tempo, na verdade, por você, sempre medito, pois deu origem a todo crescimento, do canto deste amor tão infinito… Ah, saudade! Algo superior a uma pessoa, símile do pastor e do rebanho, ambos, ligados pelo campo, vão à toa, como em mim, esta lembrança se agrilhoa, e eu sigo, sem saber, se perco ou ganho. Ah, Senhor! Quanto engano, gravou-me a ferro, este espaço certeiro, onde a parte animal, deste ser humano, ficou amando, eternamente, o cativeiro.