Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10
Estou no Jardim Silvânia. E estou querendo ir à Ucrânia. Alguém sabe se é perto da Albânia? Disseram que foi invadida há dois anos. E eu que tinha planos. E até juntei meus panos. Porque lá mora a maravilhosa Inna. Que não é a tal da Cristina. E muito menos a Clementina. Mykytas deliciosa. Inna lutadora de caratê gostosa. Inna Mykytas que parece uma deusa maliciosa. Inna Inna Inna. Acabei me viciando em Inna. Como se fosse cocaína. Ou salvação pela vacina. Mas a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Com ajuda da Bielorrússia. Que deve ser perto da Prússia. Fico aqui matutando. E penso até quando. Com barbaridades estaremos nós compactuando. E me dói de tristeza. Saber que Inna e sua beleza. Tenham que suportar tanta dor e malvadeza. Penso nas pessoas de Quiéve. Em quem não tem mais do deve. E torço para um fim breve. Xingo o russo de malvado. De ser um ditador tarado. E depois me lembro do Cerco de Leningrado. Mas penso que na Rússia há uma deusa de nome Victória. Que também é parte desta história. Se não me falha a memória. Vika Glitter loira de pequenos peitos. Que tem lá seus feitos. Que tem seus pecados e seus defeitos. Penso nas duas como se fossem mais que amantes. As imagino diamantes. Perdidos de mundos distantes. Penso se a russa invadiria a ucraniana. E o que eu faria de forma leviana. Sob uma Lei Draconiana. Seriam Inna e Victória inimigas? Ou sairiam para beber como amigas. Daquelas bem antigas? Ingenuamente penso nos porquês de tanta judiação. Nos quês de tanta maldição. E nos sinônimos de nação. Torço por Inna e os ucranianos. Que o caratê a livre dos milicianos. Esperando poder beijar seus pelos pubianos. — Até pouco tempo se não me falha a memória. E ainda me lembrava da minha história. E vomitava na escória. Deitava na cama e sonhava com Inna e Victória. E me masturbava com glória. Deixando no lençol a dedicatória. Masturbava pensando na Inna. Me lambuzava imaginando a Cristina. E finalizava a punheta para a Carolina. Comia a Solange e até a faxineira do prédio. Depois veio um e outro remédio. E agora sobra apenas angustia e tédio. Quero apenas dormir ao deitar. E tento a mim mesmo aceitar. E nem mais a imaginação consigo enfeitar. Claro que minha falta eu sempre sinto. E ainda acaricio meu pinto. Que parece ser um dinossauro extinto. Penso em uma ou outra quimera. Lembro de Shitara e o Olho de Tandera. E tudo é uma longa fila de espera. — “Pânico e solidão a bordo do navio”. A velha canção do caro Pessoa. Que não é o Fernando. É o Ciro que também já partiu. “Covil de piratas pirados. Perdidos na Selva”. Assim cantou o Barroso. Parece que todas as músicas da minha vida resolveram brotar. E minha memória sabotar. Todos os dias longos filmes passam na minha cabeça. E assim vou costurando o pano. Sabendo que é outro o plano. E que ainda este ano. Devo e preciso. Descer a escalera. Mas feito uma fera. Que nada de ninguém espera. — Eu morreria por pais e por filhos. Até por vizinhos morreria. Mas por nenhum deles não poderia. E jamais viveria. Interpreto Rand a meu modo. Porque quem sabe assim incomodo. — Torno a pensar em Inna ucraniana. E que poderia se chamar Tina e ser uma baiana. Quero beijar seus mamilos pequenos. De seus peitos minúsculos. E ao menos. Escrever opúsculos. Aos seus poucos pelos pubianos. E tecer odes ao seu largo quadril. Invejando os ucranianos. Direto da “Pátria Amada Brasil”. E não me esqueço da Victória. Que na minha história. Seria a glória. E pergunto como quem ainda pode: como podem pensar em guerra. Quando existem innas e victórias? Como podem querer matar. Quando há tanta beleza. E tanta pureza? Ah, a humana natureza. Que tanto descobre das dores as curas. Inventa computadores que desenham figuras. Mas termina por criar ditadores e suas ditaduras.
27/05/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.