Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10
Entendo merda nenhuma de futebol. Que me parece mongol. Mas entendo de tesouras. Linhas e agulhas. Também de legumes. E de estrumes. De política entendo bosta. Então comigo não aposta. Desde vinte e dois. Um mês depois. Ou antes do assalto. Sem ressalto. Falei que o asfalto. Desmanchava embaixo das patas do boi sem nome. E cujo sobrenome é Silva. E não é Silva como quaisquer uns. É um Silva de Garanhuns. Que tem frio no Nordeste. E pior que a peste. Da vaca ou do mosquito. Mata feito cisto. Ou anticristo. Conservador. Na Praia do Arpoador. Ou no Circo Voador. E como falei do jogo de bola. Antes da Coca cola. Chamo o gandula. Porque o goleiro. Que pensa que é artilheiro. Caiu na área. Na areia da várzea. E num jogo roubado. Com um juiz comprado. Finge a contusão. E na confusão. Foge ao vestiário. E se esconde no armário. Enquanto o reserva. Chuchu em conserva. Prepara a substituição. Que pela regra do jogo. Estabelecida pela Confederação. Aceita a escalação. Sem eleição. E mesmo com a delação. E a relação. Do legume com a prostituição. E do estrume com a mediação. Aceita como de costume. O ciúme. Da condenação. Do ladrão. Mas liberta. E ainda dá coberta. Em rede aberta. De televisão. Rememoro. E não demoro. Nas minhas reminiscências. Sobre as ciências. E outras indecências. De nunca mais. E ademais. Feito os animais. Me recolho nas imprudências. Imorais. Porque além de nada sou mais. E maisoumenos. Feito os pequenos. Seres imortais. Escalando cenas fatais; Em seriados de televisão em pretoebranco. Como se fosse o Flash Gordon. O mordomo Gordon. Ou qualquer subherói. Que nada mesmo constrói. A não ser costurar sua capa de chuva. E chupar a vulva. Da Mulher Gato. Delícia de fato. Ou mamar no Homem Rato. E curtir o “barato. De ser humano” No império romano. E de ser desumano. De acordo com o plano. Do Imperador careca. Que de cueca. Desfila como galã. Diante da anã. Que se acha imperatriz. Mas é péssima atriz. De fato meretriz. De prostituição. E então. Onze vivas à Constituição. E doze morras a tudo que for prostituição. — Enquanto isso o padre. Que não por acaso rima com madre. Tira a batina. E fode a menina. Que não se chama Cristina. Nem Clementina. E lá vou eu com minha sina. De um pobre Dom Quixote. Ou Pixote. Que num caixote. Sobe e começa o boicote. Ao que proclama. A Primeira Dama. Aquela que clama. Na sua própria cama. E só diz que ama. Por falsa isenção. E pela farsa da eleição. Enquanto isso no Congresso. Sempre de recesso. Permite o ingresso. Do perverso. Grande Ditador. E o que me adianta estar possesso. Quando meu ingresso. Não vale para o espetáculo. Sem explicação. No vernáculo. Do ditador. — Ontem disseram que eu estava morto. E nem me convidaram para o meu enterro. Então não fui. Fiquei em casa sozinho. Batendo punheta. Pensando em comer uma buceta. Escrevendo besteiras no computador. E bebendo cerveja com Anador. Acaso eu gostasse do tal jogo. Com onze de cada um dos lados. Não togados. Decerto seria um sujeito normal. E não veria tanto mal. Na escola de samba do carnaval. E até gostaria do Karnal. Ah assim eu seria mais feliz. E amaria a Elis. E aplaudiria a censura do Juiz. Mas aí eu não me chamaria Luiz. E seria apenas um mero infeliz. Mas de fato há tempos deixei de ser Luiz e Carlos. Desde que dolorosos calos. Começaram a surgir na minha alma obscura. E atravessei a rua escura. Até o outro lado da cidade. Que não tem eletricidade. Que é do outro Silva que não é do Nordeste. Mas do Oeste. De Araraquara. Uma cidade tão rara. Bosta de arara. E tão cara. Quanto a propina. Que paga a cretina. Que gosta de vacina. Para ser secretária. Identitária. Porca funcionária. Incendiária. — Agora preciso parar. De fumar. Que o vento que vem do mar. Disse que veio me chamar. E não quero ir a lugar nenhum. Com vento algum. Porque preciso ficar. E me vingar. Daqueles que ousaram me matar. Nem que seja para depois suicidar. Mas deixa antes eu acender outro cigarro. Que já disse que é meu escarro. E já que não tenho um carro. Piso no barro. E vou a pé. Até. O Cemitério das Cruzes. Abraçar as luzes. E olhar minha própria sepultura. Que a essa altura. Está tão vazia. Que parece minha poesia. Com saudades do meu esquife. Que o filho do ladrão patife. Jogou no chão. Sem compaixão. Preciso parar de falar. Aprender a calar. Parar de beber cerveja com limão. Perdoar o meu irmão. Como prega a tal religião. E até gostar da Legião. Mas como escrevi meia hora antes. Eu jamais seria como antes. Quando eu era apenas um tal de Luiz. Que nunca foi juiz. E nunca foi feliz. Então vamos acabar logo com toda essa conversa idiota. Que tem um agiota. No meu portão. Veio cobrar os juros da prestação. Da minha gestação. Outra hora continuo a escrever. Que é meu dever. E a meu ver. Sobreviver. É minha única opção. Para a sua decepção.
02/05/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.