Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10
Meu problema com o Deus cristão. É pela guerra na Ucrânia. O comunismo da Albânia. E as crianças mortas no Afeganistão. Temo sim pela minha sorte. Mas não que não me importe. Mais comigo e com minhas gramáticas. Do que com “as crianças mudas telepáticas”. Ou com bichas anãs gordas pretas e asmáticas. Apenas a mim dou maior importância. E dependendo da circunstância. Me preocupo comigo antes de lhe chamar a ambulância. Em mim não vejo o espelho. Como de todos meus sangue é vermelho. E se não louvo um Deus assassino. Respeito o repicar do sino. E disse o Semdedoditador. Ao Traidor: mostre-me onde mora seu pai ou seu filho. Que eu o humilho. Faço ajoelhar no milho. E cantar o estribilho. Da Internacional Socialista. E mando o dentista. Lhe arrancar o dente com dor. Assim serei eu seu Eterno Salvador. Depois mando arrancar sua cabeça de livre pensador. Que servira de troféu na sala imperaditador. — Quero pintar de preto o que for branco. E de cinza o que for colorido. E para ser bem franco. Não consigo pintar por causa do braço dolorido. Estou agora indo vomitar outro pedaço do meu pulmão estragado. Ou de meu fígado embriagado. — Já falei de Deus e do Diabo além de mim mesmo. E que ensimêsmo. Tomando cerveja e comendo torresmo. Sem nenhum desmo. Mas preciso falar das outras gentes. Mesmo que diferentes. E até sendo víboras serpentes. Que me cravam os dentes. Preciso falar dos bastardos que me esqueceram. Das putas que meus gozos nunca mereceram. Também daqueles que de mim desapareceram. E nem no meu aniversário ou meu enterro compareceram. Preciso mesmo ser menos implicante. Com gente ignorante. E pouco importante. Que sempre quero estar distante. Preciso falar dos tolos patriotas. Apenas um bando de bobos idiotas. E também das vadias porcas agiotas. Sem esquecer nunca dos borra-botas. E como me disseram que tenho que me preocupar com a pobreza. E deixar de lado a beleza. Falo que da minha tristeza. Apenas eu entendo com certeza. Preciso e quero lembrar das amantes. As de agora e as de antes. Usando a memória dos elefantes. Agradecendo a todas agora estarem distantes. Ah… E me dizem que preciso não esquecer das vítimas da sociedade. E dos sem propriedade. Que inundam o campo e a cidade. Com sua falta de vontade. A contragosto lembro que preciso falar das feministas. Que não são belas e quase todas comunistas. Achando que suas perdas são suas conquistas. E que abortam porque querem ser artistas. Preciso também falar do racismo. Que os ditadores do comunismo. Elegeram como pauta de seu fascismo. Dividindo para conquistar como no nazismo. E já que falei de tanta gente. A maioria inocente. Usada pela corja indecente. Por ser inconsciente. Também preciso falar do povo da favela. Que assiste a global novela. E depois revela. Que gosta de pão com mortadela. Tem tanta gente que preciso enaltecer. Que tenho até mesmo de esquecer. E de ser chamado de tudo antes de desaparecer. Ficar rico ou desenlouquecer. E já esquecendo que preciso falar das lésbicas e dos viados. E de outros tipos de desviados. Que são sempre ludibriados. Pelos porcos ditadores privilegiados. Preciso me convencer que preciso falar e “amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Ou como se não tivesse havido o ontem de manhã. E saber que haverá o pós-amanhã. Como se nenhum fosse um nhanhã. Esqueci de alguma gente exaltar? Colocar num andor ou num altar. Até mesmo dos que querem me assaltar? Me digam se faltar. — Agora que cansei de falar dos outros e suas bondades. Torno a falar das minhas poucas verdades. Que não são vontades. Nem vaidades. O que falo sobre minha pessoa. Sempre aos ouvidos mocos ressoa. Como se fossem insultos. E a todos os seres vivos incultos. E aos mortos insepultos. Como sem fosse filmes adultos. E se falo que sou um bom escritor. Chega logo um opositor. Concordando com o editor. Dizendo que eu não passo de um leitor. Vou então parar de falar de mim. E até que enfim. Porque tudo o que começa tem seu fim. Seja na Guiné Equatorial ou na Costa do Marfim.
18/05/2024
(*)”A menor minoria na Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das minorias.” — Ayn Rand
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.