Atualizado em: 04/06/2025, as 01:06
Como disse o genial Zagalo. Jogador e técnico de futebol, tricampeão da Copa de 70: “Vão ter que me engolir”. E eu acrescento: Vão ter que me engolir sem vomitar. Porque aqui quem vomita sou eu. Mesmo que sejam metáforas. — E agora penso e tenho uma ideia. Surgida da Paideia. Dos tempos homéricos. Feéricos. E grito “Eureka!” E penso que quem disse isso devia andar de cueca. Um tal de Arquimedes de Siracusa. Que numa história um tanto confusa. Saiu pelado da banheira. E gritou com a companheira: encontrei a solução. Penso na merda da minha ideia idiota. Que não aguenta o primeiro patriota. E penso que nenhuma ideia é ruim. O resultado é que pode ser no fim. Mas como não sou obtuso. Apenas talvez difuso. Falo com meu amigo luso. Que nada tem de confuso. Que me diz: “Eureka da bosta está o mundo conspurcado com falsos profetas que vendem ilusões em estradas negras de prisões.” Foi isso que disse meu amigo Luís Roxo. Dono da Poetura. Que atura, Um monte de poeta sem estatura. E ainda procura. A melhor estrutura. — Não entrego meus pontos. Mostro meus contos. Ou dou descontos. A quem possa ser. Porque da minha sina. Sou eu quem assina. De poeta escritor. Nunca de impostor. Arrasta minha sede. Na tua rede. Que vaga profunda. Nas profundezas da tua bunda. Deusa infecunda. Que inunda. De hoje até segunda. E que afunda. A minha melhor intenção. Com o suco da prostituição. Forjando o aço de uma nova Constituição. Onde a devoção. E a tal de porca intenção. Sejam vistas como comoção. E que eu o poeta sem querer ser. Cumpre sua cota de obedecer. E que não pode esquecer. Que não há mal que sempre dure. Nó que sempre segure. Ou um povo que ature. Tanta maldade. Sem sentir saudade. Da liberdade roubada. Da inteligência solapada. E da criminalidade poupada. Tendo a Democracia como desculpa. Para uma culpa. Que não é do prisioneiro. Do usineiro. Porque a culpa é do primeiro. Que levantar a mão. E essa tal de Demo-cracia. Que não passa de “uma santa no altar de quem já não se espera milagres”. Que disse outro luso. Esse sim tanto confuso. Porque era comunista difuso. Um tal de Saramago. Que era um mago. Com a palavra escrita. Mas acreditava na proscrita. Ideologia nefasta. Que afasta. A humanidade dela mesma. E acha que caracol é o mesmo que lesma. — Peço agora emprestada a certeza. Daquele que por esperteza. Come um prato de merda no café da manhã. E diz que amanhã. Outro monte de bosta comerá. E que para sempre assim será. Mas quem é esse sujeito. De diz que uma coisa é o Direito. E a outra é o sujeito. Poder se expressar. Que falar que pensar. É atentar contra a cracia do demo. Onde quem manda é o Supremo. Que manda prender e arrebentar. Até mesmo juiz e parlamentar. E alimenta a revanche. Numa avalanche. De pedras de ódio cada vez maiores. E que nos pormenores. Roubam o filho do pai. Na terra do crendeuspai. Alguém toca a campainha no meio da noite calada. Em plena intranquila madrugada. Seria enfim meu filho. O bastardo do caudilho? Penso eu quanto Poe pensava sobre “O Corvo”. E sinto um incômodo estorvo. E parvo com o abismo torvo. Minha própria saliva absorvo. — Quem me dera ser um abraço o que me espera. Mas o que me desespera. É saber que a essa hora da madrugada nem o luar do avesso. Menino travesso. E nem o Corvo de Poe a espreitar no umbral. Gela minha coluna vertebral. E à beira de um aneurisma cerebral. Penso que na terra de Cabral. A Lei é a Ordem. E penso nos que mordem. Sem ao menos assoprar. E mandam o policia a própria mãe estuprar. — Peguei emprestada minha poética escrota e fedida. Doutro poeta lusitano. Cosmopolitano. Que fez um poema em linha reta. Minha biografia completa. E de minhas fraquezas tão repleta. Por assim sendo minha poesia predileta. Termino agora outra metafórica vomitada. E que um dia será imitada. Do mesmo jeito que comecei: falando de Zagalo o técnico da brasileira seleção. Dizendo que minha verdadeira intenção. É fazer poesia sem restrição orçamentária. Sem nenhuma causa identitária. Ou qualquer ditadura universitária. Apenas fazer poesia de uma forma a não ser minha, mas planetária.
10/05/2024
Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição: 1ª
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500
Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador.