Vômito de Metáforas | Sou Um Deus Pelado, Sujo e Malcriado

Atualizado em: 30/10/2024, as 10:10

Que dor essa agora. Que chega bem na hora. Silenciosa. Estranha e misteriosa. Que parece querer. Sem poder. Me libertar. Que dor é essa tamanha e ardilosa. Que se acha a gloriosa. Morte indecorosa. Puta misteriosa. Fria e sedosa. Cor de rosa. Choque. Feito crente de coque. Que dor é. Sem estar. Sem fé. Sem restar. Nada de pé. Na Santa Sé. Uma outra espécie de dor. Que não é ímpar nem par. Que quer limpar. A da merda da história. Meus atos sem tela ilusória. E me libertar. Sem me consultar. Da prisão domiciliar. Onde tento conciliar. Pensamentos. Com outros elementos. Da eclética filosofia. Que antes sofria. De indigestão. Por ser uma questão. Tão complexa e elegante. Quanto um elefante. Aquele efervescente. Que até se sentia gente. Embora diferente. E que tinha patas de condor. Orelhas de abanador. E um grito de liquidificador. Que agia como o Pacificador. Tiro porrada e bomba. E um branca pomba. Pousada no seu ombro esquerdo. Então agora não me enterra. Que ainda respiro. Solto bocejo e suspiro. Dessa tal de nova dor. — Agora quero saber. Por que no quartel. O Sargento do Pelotão. Grita “Direita Volver” E não manda ver para a esquerda? E como o Padre na Igreja. Diz que Jesus está “Sentado à direita de Deus Pai todo poderoso criador do Céu e da Terra” E não à esquerda. A resposta correta. Andando em linha reta. É que do lado da Esquerda. É o lado errado do quartel. Onde o General toma banho e joga água fora da bacia. E come melancia. E no Céu. É um escarcéu. Porque à esquerda do pai. Está o filho. Da puta do Capeta. Que é careca. E tem nove dedos nas mãos. — E voltando ao assunto da dor recente. Um tanto indecente. Penso que merda de dor é essa caralho! Bem no meio do trabalho. E nem tem direção. Por horas perto do coração. Outras na mão. Entre a perna e o pulmão. E como já disse é uma dor um tanto diferente. Essa recente. Que não é no dente. Mas aquela que a gente sente. Quando senta e quando deita. Quando dorme e quando acorda. Quando anda e quando para. Uma dor que não sara. Nem com Dipirona. Ou buceta da prima-dona. Do Universo. Como escrevi num verso. Cheio de putaria. E com tanta porcaria. Que até parecia. Coisa da CIA. Ou do petê. Do pececê. Brasileiro ou chinês. Mas como meu inglês. É tão ruim quanto o do irlandês. Escrevi mesmo em português. O tal de petê-beerre. Porque mesmo que eu erre. Ainda acerto. Na versão. E erro na subversão. Fazendo minha própria conversão. Que é uma inversão. De mão. E contramão. Por que não? Essa foi a pergunta do Veloso. Aquele mesmo sujeito asqueroso. Numa antiga canção. Sem noção. Nos anos duros. Dos ditos duros. Generais de cu na mão. Que erraram a mão. E levaram a nação. A ser um antro de perdição. E ainda permitiram que um ladrão. Sem o dedinho de uma mão. Fosse o presidente. E espetasse seu maldito tridente. No rabo da terra sem povo. O molusco que não é polvo. E que de novo. Feito um podre ovo. Empesteou com seu hálito de cachaça. E hábito de desgraça. O ar . E o mar. Dizendo que sabia amar. Sabendo apenas esparrar. Sua vingança pelos ares. E pelos altares. De um Deus pagão. Um Deus cagão. Que deixa morrer de fome uma criança. E nem por lembrança. Nos livra do mal amém. E por quem. Não há ninguém. Que por alguém. Lute também. Agora entendo a origem da minha dor. Essa nova que ontem não tinha. Mas que sempre vinha. Me dizer que um dia chegaria. E então selaria. Meu destino final. Porque afinal. Não deve ser tão mal. Deixar a terra do campo santo. Me cobrir como um manto. E transformar minha carcaça cansada. Em quase nada. Alimentando vermes. E germes. Assim cessa a tal dor. De saudades dos filhos do ditador. Que não sabem nada sobre ser genitor. Nem progenitor. — Agora ligo meu mental projetor. E na escuridão projeto. Um objeto. Abjeto. Chamado doença. E nas sombras da crença. Deixo quedar minha tristeza. Na pobreza. Do meu lamentar. O que só faz aumentar. A tal dor que eu não antes sentia. E a mim mesmo mentia. Essa dor que é agora meu pijama. E dorme na minha cama. E me faz vomitar. E imitar. Um Jesus sujo e pelado. Que foi atropelado. Pelo próprio caminhão sem freios. Que ele mesmo por seus meios. Achou de inventar. Mas sempre pode ventar. Criar algum milagre supremo. Que o leve ao extremo. De causar problemas. Aos sistemas. E também como o tal Cristo ressuscitar. Ao terceiro dia só para te irritar. E assim imitar. A Páscoa dos Judeus. Cujo Deus. Diferente dos ateus. É vingativo. Possessivo. E ofensivo. Até depressivo. Nocivo. O tal do Deus Vivo. Enquanto eu apenas sobrevivo. Como ser vivente. Descrente. E somente. Por hora pertencente. A uma raça em extinção. De humana definição. Uma raça maldita. Que ainda acredita. Em deuses de barro ou de madeira. Que sua vida inteira. Irá roubar. Sou mesmo um Deus pelado. Sujo e Malcriado. E para terminar de verdade. Estaciono meu trem no píer da piedade. Deixo escorrer a saudade. Acreditando que apenas a maldade. Existe de verdade. Mas fique à vontade. Para rasgar minhas cortinas. Se cortar nas concertinas. Que me protegem de mim. Porque desde o seu início que foi meu fim. Eu supremo rezo. Mas desprezo. Seu maldito fanatismo. Maucaratismo. E para ficar dentro do ismo. Seu cretinismo. E juro por tudo quanto é sofismo. Que eu sempre cismo. De reinventar. Que o dia que forte ventar. Não adianta tentar. Me conquistar. Com beicinho caído. De anjo prostituído. Porque eu sempre fui por ter ido. E fui por ter sido. Antes mesmo de ter nascido.

04/05/2024

Do Livro:
Vômito de Metáforas
Barata Cichetto
Gênero: Crônicas Poéticas
Ano: 2024
Edição:
Editora: BarataVerso
Páginas: 248
Tamanho: 20 × 20 × 1,50 cm
Peso: 0,500

Barata Cichetto, Araraquara – SP, é o Criador e Editor do BarataVerso. Poeta e escritor, com mais de 30 livros publicados, também é artista multimídia e Filósofo de Pés Sujos. Um Livre Pensador

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